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Friday, June 20, 2008

“Carnaval 88 – Levanta-se a Máscara mais uma Vez” – Um Pamfleto de Teor Regionalista



Uma das conclusões atingidas pelos articulistas de vários pamfletos que inundaram a capital de Cabo Verde, nos finais dos anos 80, foi a tendência da I República ser extremamente parcial aos ditos “sampadjudos,” população caboverdeana das ilhas do Barlavento, em especial da ilha de São Vicente (caveat: ainda que não partilho tal entendimento, o meu objectivo aqui é fazer uma descrição positiva, isto é, minimizando inferências normativas).

O articulista deste pamfleto, fazendo uso de dados quantitativos, apresenta um deficit de representação do “badiu” (elemento da ilha de Santiago) no quadro da I República. Desde a numeração dos ministros, passando a representação na antiga Assemblêia Nacional Popular, o badiu, ainda que demográficamente maioritária, era uma minoria política.

Infelizmente para o leitor não há uma explicação conclusiva desta dita realidade (se tal de facto existiu). Qual a origem da suposta dominação dos sampadjudus, infelizmente nao foi abordado no pamfleto. Será que tem a ver com o facto de Mindelo ter desde inicios do século XX um ensino liceal, permitindo assim a formação de uma classe intelectual enraizada e forte? A resposta daria um bom trabalho de investigação histórica – infelizmente aqui não é o lugar para tal.

Clique nas figuras ao lado, para melhor leitura do pamfleto.

As Tropélias do Senhor Ministro: Um outro Pamflecto Anti-I Republica


A palavra “pamfleto,” etimológicamente deriva do Latin “panfletus,” uma abreviatura do "Pamphilus, seu de Amore" ("Pamphilus, ou acerca do Amor"), uma pequena poesia de amor do século XII, muito divulgada durante a Idade Média. Do grego, a palavra “pamphilos,” uma combinação dos vocábulos “pan (todos) e “philos” (amado, amante), é entendido como amado por todos. No entanto, é só no século XVI que pamfleto passa a ser entendido como um pequeno ensaio acerca pertinentes questões actuais (www.etymonline.com) .

Além da sua clandestinidade (por razões óbvias), os pamfletos anti-I República partilhavam em muito as seguintes características, uma vez analizados os seus respectivos conteúdos:

- um forte teor denunciante (seja em função de abusos de poder, a consequência de um regime mono-partidário ou do favoritismo económico de uma “nova classe,” que apoderando do poder estatal, mantinha-se como prebendalista);

- uma função de despertar da consciência política – quer através da divulgação dos pamfletos, causando assim uma percepção generalizada da verdadeira realidade corrupta do sistema político da I República; quer através de ser uma amostra pura e clara de que independentemente do monopólio do aparelho repressivo nas mãos dos líderes da I República, existia sempre mecanismos de antagonismo e contradição ao sistema – ainda que clandestino.

O presente pamfleto foi dirigido contra o então Ministro dos Transportes, Comércio e Turismo (sem data – julgo ser entre 1988 e 1989).

Clique na figura ao lado, para melhor leitura do pamfleto.

Pamfletos Anti-I Republica



Depois de um tempo de inactividade “blogial,” resolvi voltar a escrever. Partilho aqui com o leitor, alguns documentos que fiz o “scanning” e que considero de capital importância para entender a realidade política contemporânea nas ilhas de Cabo Verde. Tais documentos tratam-se dos “célebres” pamfletos anti-regime, que circularam na capital nos últimos anos da I República.

De ponto de vista teórico, pode-se perfeitamente argumentar que a circulação de tais pamfletos acabou por inaugurar uma “esfera pública” (no sentido entendido por Habermas), ainda que subterrânea, onde pertinentes questões políticas do dia eram abordadas – se bem, seja-se objectivo, a imparcialidade não foi a característica respeitada nos mesmos pamfletos.

O primeiro documento que aqui partilho, sem data - mas acho que entre 1987 e 1989 -
é endereçada à população de Cabo Verde.

Clique nas figuras, permitindo assim uma leitura facilitada.