Saturday, February 10, 2007

The CapeVerdeanity as seen by Capeverdean-Americans


Obs: I received this post via email. Unfortunately I can not credit the creator due to my ignorance. Nonetheless it worth spreading it.



Every Cape Verdean you meet is either related to you or related to someone you grew up with,

There is a Manny, Maria and Tony in your family,

Your family is over at your house all the time.

You are older than one of your uncles or aunts.

You have relatives who aren't really related to you,

When you go to Cape Verde 90% of the luggage you carry with you is not yours (presents and stuff your mother wants to go sell)

your parents feel the need to tell the whole world that you're going to CV and they give you mad shit to bring to their family.

You refer to the whole Island of Santiago as "Praia",

Every person you meet when you go to Cape Verde is either your cousin, aunt or uncle,

Your family insists their Island and hometown is the best place in Cape Verde,

Your parents' home is so clean and stylish that it looks like a showcase,

you have had a crush on a distant cousin, but since every cousin is treated like a first cousin you feel wierd about it,

your family members could populate a whole city, and have come close to doing so,

You are forced to eat at every Cape Verdean home you go to,

When your relatives meet eachother in public people think they're fighting because they talk too loud..but never realize it,

you and your friends think ordering a mocha at Starbucks is hilarious

You greet your elders with a 'benson' and always refer to them as 'nha' or 'nho',

a family barbecue is more like a feast; chicken and fish on the gril and two tables loaded with food,

Everything you eat is seasoned; even the rice,

You don't know any of your relatives' real names because you grew up calling them by nick names that have no relation to their real names,

every family party consists of loud music, lots of food and alchohol; even if its a children's party,

Catchupa is like gold to you,

You have eaten and drank corn in every form; camocha and piran(the hot drinks), kufungu, catchupa, xerem, pastel, and kuskus

There is a man in your family cheating on his wife and its not a big deal,

There is living room and dining room in your house, which you are forbidden to enter unless there is a guest in your home,

Your relatives in Cape Verde dress better than you,

You are related to atleast one famous person in Cape Verde and you make a point of letting every other Cape Verdean know about it,

You have family you don't talk to,

You think Cape Verdeans are the most beautiful and sexiest people on earth,

You plan a trip to Cape Verde every year, but you can only afford to go once in every 3 years,

You kiss to say hi and have had innumerable embarrassing moments by accidentally doing this to Americans,

Your parties end when the police come or when the sun comes up,

there's no such thing as 'quiet time',

of course in your childhood the concept of 'privacy' did not exhist,

you are laughing or smiling at every thing you just read because it's true,

Thursday, February 08, 2007

Vida e Obra de Amilcar Cabral

1924 - 12 de Setembro: Nasce em Bafatá (Guiné-Bissau), filho de Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora.
1932 - Muda-se, com a família, para a ilha de Santiago, Cabo Verde.
1937/38 - Entra para o Liceu de São Vicente - Escreve os primeiros cadernos de poesia: "Nos Intervalos da Arte da Minerva" e "Quando Cupido Acerta no Alvo".
1941 - Fundador e Presidente da Associação Desportiva do Liceu de Cabo Verde (A.D.A.).
1942/43 - Dinamizador da actividade cultural no liceu. - Escreveu pequenos cadernos de poesia.
1943/44 - Membro da Academia Cultivar, Organização dos Estudantes Democráticos e da Vanguarda da Juventude Literária nas ilhas de Cabo Verde. Como tal, participa nas actividades da juventude relacionadas com a tomada de consciência da situação colonial do povo de Cabo Verde.
1944 - Presidente da Associação dos Estudantes do Liceu de Cabo Verde. - Termina o Liceu com média de 17 valores (máximo 18).
1944/45 - Secretário do "Boavista Futebol Clube" da Praia.
FORMAÇÃO ACADÉMICA
1945/46 - Obtém a primeira bolsa de estudos do Liceu de Cabo Verde por distinção e a segunda da Missão dos Estudantes do Ultramar, por concurso. - Começa os estudos universitários em Lisboa, no Instituto Superior de Agronomia, onde conhece a sua primeira mulher, Maria Helena de Ataíde Vilhena Rodrigues. - À noite, dá aulas de alfabetização a operários da zona de Alcântara.
1946 - Envia à revista Seara Nova o poema "A minha poesia sou eu".
1947 - Secretário da Direcção da Secção das Ilhas de Cabo Verde, Guiné e São Tomé da "Casa dos Estudantes do Império" (CEI).
1948 - Vice-Presidente da Direcção da Secção da Ilhas de Cabo Verde, Guiné e São Tomé da "Casa dos Estudantes do Império".
1949 - Cria, em Lisboa, com Mário Pinto de Andrade e outros africanos, a "Casa de África". - No Boletim de 1949, assina, com o nome de Arlindo António, um texto intitulado "Hoje e Amanhã". - Passa as últimas férias escolares na Praia, onde dirige, na Rádio Cabo Verde, um programa cultural, que vem a ser proibido. - Tenta iniciar uma campanha de alfabetização e profere conferências que viriam a ser proibidas pelas autoridades.
1950 - Secretário-Geral da "Casa dos Estudantes do Império". - Termina o curso de Agronomia com uma tese final sobre "A erosão dos solos agrícolas, a partir de uma investigação do concelho alentejano de Cuba".
1948/51 - Presidente do Comité da Cultura da "Casa dos Estudantes do Império". - Co-fundador e colaborador da Revista "Mensagem", órgão dos estudantes africanos em Portugal. - Participa, como conferencista, no Movimento Africano de Revisão da História do Colonialismo Português. - Interessa-se particularmente pela revista do papel de Honório Barreto na história da Guiné. - Participa activamente na luta antifascista em Portugal. Militante do Movimento de Unidade Democrática da Juventude (MUD Juvenil), de que se afasta por a organização não tomar posição perante o problema colonial.
1950/51 - Com bolsa do Ministério do Ultramar, realiza estágios como engenheiro agrónomo e engenheiro agrónomo colonial. É classificado com 18 valores. - Membro (estagiário) das Brigadas dos Solos de Santarém da Estação Agronómica Nacional (Portugal).
1951 - Vice-Presidente da "Casa dos Estudantes do Império". - Incentiva, com outros estudantes originários de África (Francisco José Tenreiro e Mário Pinto de Andrade), a criação do Centro de Estudos Africanos em Lisboa. - Casa, a 20 de Dezembro, com Maria Helena Vilhena Rodrigues.
1952 - Amilcar Cabral termina os seus estudos e começa a trabalhar na Estação Agronómica de Lisboa, onde vive. - Recusa um lugar de professor assistente no Instituto de Agronomia. - Contratado pelo Ministério Ultramar para adjunto dos serviços agrícolas e florestais, chega a 20 de Setembro a Bissau, onde a sua mulher se lhe junta em Novembro. Vivem na residência do director da Granja Experimental. - Inicia trabalhos no Posto Agrícola Experimental de Pessubé (Bissau), que vem a dirigir.
CARREIRA PROFISSIONAL
1953 - Dirige e efectua o Recenseamento Agrícola da Guiné-Bissau. - Nasce a sua primeira filha, Iva Maria.
1953/54 - Adjunto do Chefe da Repartição Provincial dos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné Portuguesa.
1954 - Chefe substituto da Repartição Provincial dos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné Portuguesa. - Inspector-Geral do Comércio da Guiné (por substituição). - Membro do Comité Executivo do Centro de Estudos da Guiné Portuguesa. - Tentativa da criação da Associação de Desportos e Recreação, em Bissau; a Associação é proibida e Amílcar Cabral é obrigado a abandonar a Guiné . - Setembro: Assiste, como delegado do governo português, a Conferência "Arachide-Mils" em Bambey, Senegal.
1955 - Funda o Movimento para a Independência Nacional da Guiné (MING). - Realiza trabalhos agronómicos em Angola.
1955/56 - Em Angola, organiza e dirige a Brigada de Estudos Agrológicos da Sociedade Agrícola de Cassequel (Angola). - Funda, com Viriato da Cruz e outros africanos, o Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUA). - Participa na elaboração dos documentos enviados a ONU com vista a servirem de base a discussão do caso português.
FUNDAÇÃO DO PAIGC
1956 - 19 de Setembro - Criação, em Bissau, do PAI (Partido Africano da Independência), que mais tarde vem a adoptar o nome de PAICG, Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. - Dezembro - Criação, em Luanda, do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).
1956/60 - Nas suas estadas em Portugal, propaga, entre os estudantes africanos, a ideia da necessidade de criar esse país uma organização para a luta contra o colonialismo português. - Funda, com Viriato da Cruz, Mário Pinto de Andrade, Lúcio Lara, Marcelino dos Santos e outros, e por inspiração do MPLA e do PAI, o Movimento pela Libertação dos Povos das Colónias Portuguesas (MLPCP). - Com outros camaradas, estabelece as bases para a união do MPLA com a União das Populações da Angola (UPA). - Colaborador Extraordinário da Junta de Investigação do Ultramar (Lisboa). - Colaborador do professor J. V. Botelho na cadeira de Conservação do Solo do Instituto Superior de Agronomia (Lisboa) para os estudos de solo de Angola. - Colaborador permanente do professor Arie L. Azevedo na cadeira de Agricultura Tropical e Solo do Instituto Superior de Agronomia (Lisboa) para os estudos da tecnologia do solo em certas regiões de Angola. - Assistente permanente do professor C. M. Baeta Neves na cadeira de Entomologia Agrícola do Instituto Superior de Agronomia (Lisboa). - Membro efectivo da Sociedade de Ciências Agronómicas (Lisboa).
1957 - Reunião, em Paris, de consulta e estudo para o desenvolvimento da luta contra o colonialismo português.
1958/60 - Colaborador Extraordinário (Encarregado de Investigação) da Direcção-Geral dos Serviços Agrícolas (Lisboa). - Director de Gabinete dos Estudos Agronómicos (Lisboa).
1958 - Encarregado do Estudo Agrilógico das Plantações de Cafeeiros da Companhia Angolana de Agricultura (Amboim, Angola). - Encarregado dos estudos preliminares dos solos da Fazenda Monganhia pertencente à Companhia Angolana de Agricultura. - Assiste, como observador, à 1ª Conferência dos Povos Africanos, em Acra. - Criação do MAC, Movimento Anti-Colonialista, em que participam nacionalistas de Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. - Assiste ao XXIV Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências em Madrid. - Dezembro: Preside a reunião ampliada do PAI, em Bissau, onde se dedica a reorganização do Partido e é elaborado um plano de acção, que tem como acção prioritária a mobilização do campo.
1959Organizador e dirigente da Brigada dos Estudos Agrológicos da Companhia Angolana de Agricultura.Preside, durante uma breve estadia em Bissau, uma reunião para a fusão no PAI de outros movimentos anti-colonialistas, do qual resulta um só partido unificado.Cria, em DaKar, o Movimento de Libertação da Guiné e Cabo Verde (MLGCV), ligado ao PAIGC.3 de Agosto: Uma manifestação dos trabalhadores do porto da Bissau é violentamente reprimida pelas tropas coloniais. Cerca de 50 mortos e uma centena de feridos marcam o "Massacre de Pidjiguiti"Périplo pelo Congo, Ghana (onde se encontra com Kwame N' Krumah), Senegal e República da Guiné.Participa na Conferência de Frankfurt, organizada por africanos das colónias portuguesas, para estabelecer um plano de luta comum (no exterior e interior) contra o colonialismo português.Participa em duas reuniões do Comité dos Refugiados Políticos para a Libertação da África sob dominação portuguesa.
1960 - Janeiro: Amilcar Cabral deixa definitivamente Lisboa. - Em Paris, no Hotel de la Paix, na Rua de Blainville, encontra-se com Mário de Andrade, Viriato da Cruz e Marcelino dos Santos. - 3 de Janeiro: 3ª Reunião do Comité dos Refugiados Políticos para a Libertação da África sob Dominação Portuguesa. - 25 a 30 de Janeiro: Delegado à 2ª Conferência dos Povos Africanos. - Representantes do Movimento Anti Colonialista (MAC), Abel Djassi (Amílcar Cabral), Hugo de Menezes, Lúcio Lara e Viriato Cruz, da União das Populações de Angola (UPA), J. Gilmore (Holden Roberto), fundam com outros delegados das colónias portuguesas nessa Conferência, a Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional das Colónias Portuguesas (FRAIN). - 3 Março: Organiza, em Londres e na qualidade de Presidente da FRAIN, a primeira conferência de imprensa de um responsável dos movimentos de libertação das colónias portuguesas. Conhece Basil Davidson. - Redige, em Londres, sob o pseudónimo Abel Djassi, o documento "Facts about Portuguese Colonialism". - Maio: Instalação da direcção do PAI em Conakry. - Reunião do MLGCV em Conacry. - Fundação da Escola de Quadros do PAIGC, em Conacry. - Agosto: Cabral desloca-se à China (Pequim) para negociar o treino dos quadros do PAIGC na Academia Militar de Nanquim. - 15 Novembro: O PAIGC dirige ao governo português um memorando em que propõe negociações. Salazar não responde. - 1 de Dezembro: O PAIGC envia ao Governo Português um memorando assinado pelo Bureau Político, com o apoio do Comité Director do MLGCV. - Dezembro: Lançamento do órgão de informação do PAIGC, "Libertação". - A ONU considera a Guiné-Bissau como território não-autónomo, contrariando as teses portuguesas que a designavam como "Província ultramarina".
1961 - Janeiro: Delegado ao Conselho de Solidariedade Afro-asiático no Cairo.
- 18 a 20 de Abril: Criação em Casablanca, da Confederação das Organizações Nacionalistas Portuguesas (CONCP), da qual Cabral será um dos Presidentes. - 16 de Maio: Comunicado sobre a União do MLGCV com a Union des Ressortissants de la Guinée Portugaise (URGP) e de todos os patriotas da Guiné Portuguesa e das ilhas de Cabo Verde residentes na República da Guiné. - Julho: Amílcar Cabral representa uma comunicação nas Nações das Unidas sobre a situação do seu país.12 a 15 de Julho: 1ª Conferência das Organizações Nacionalistas da "Guiné Portuguesa" e das Ilhas de Cabo Verde, em Dakar. - 3 de Agosto: O PAIGC adopta medidas para o lançamento de acções directas. - Setembro: Memorandum à Assembleia Geral da ONU. - Outubro: Carta Aberta ao Governo Português. - 20 a 23 de Outubro: Seminário sobre os problemas das colónias portuguesas em Nova Deli. - Nascimento da União Geral dos Estudantes da África Negra sob Dominação Colonial Portuguesa (UGEAN). - O Brasil concede bolsas de estudos a militantes nacionalistas das Colónias Portuguesas. - Leopold Senghor dá os primeiros sinais de simpatia, ao conceder asilo a cabo-verdianos e guineenses. - Amílcar Cabral é nomeado Conselheiro Técnico do Ministro da Economia Rural da Guiné Conakry.
INICIO DA LUTA DE LIBERTAÇÃO
1962 - 15/30 de Janeiro: Revisão do Programa e dos Estatutos do PAIGC. - 23 de Janeiro: Início da luta armada, com o ataque ao quartel de Tite, no sul da Guiné Bissau. Chegam a Conakry os primeiros recrutas a fim de receberem treinos militar. - A PIDE prende Rafael Barbosa, Mamadou Turé (Momo) e Albino Sampa. - Junho: Petição ao Comité Especial da ONU para os territórios administrados por Portugal. - Publicação de "Guiné e Cabo Verde Frente ao Colonialismo Português". - 14 de Agosto: Nasce a 2ª filha de Cabral, Ana Luísa. - 12 de Novembro: Amílcar Cabral intervém na IV Comissão da Assembleia Geral da ONU. - Dezembro: Amilcar Cabral participa no Congresso do Partido Democrático da Guiné (PDG). Obtém apoio para transportar armamentos através desse país.
1963 - 22 de Fevereiro: Redige nova mensagem aos soldados, sargentos e oficiais portugueses que prestam serviços no exército colonial na Guiné. - 8 de Março: Conferência de imprensa em Paris, no "Comité de Soutien à l'Angola et aux Peuples des Colonies Portugaises". - 25 de Maio: Criação da Organização da Unidade Africana (OUA). - Julho: Abertura da Frente Norte. - 7 a 20 de Julho: Reunião no Bureau do PAIGC em Dakar, tendo como objectivo o estudo dos problemas do desenvolvimento da Luta de Libertação Nacional nas Ilhas de Cabo Verde. - Carta para o Presidente do Comité de Libertação Africana da OUA (Dar-Es-Salam), sobre o interesse dos militantes do PAIGC na Conferência de Dakar e sobretudo no trabalho da Comissão de Conciliação. O PAIGC propõe à Conferência a criação de um Museu da Libertação Africana, a instalar em Bissau após a independência e convida representantes do Comité a visitar as zonas libertadas do norte da Guiné-Bissau. - Dezembro: Visita do Secretário Executivo do Comité dos Nove.
1964 - Janeiro a Março: Batalha de Komo. - 13 a 17 de Fevereiro: 1º Congresso do PAIGC em Cassacá, região libertada do sul do país, sob a presidência de Amílcar Cabral. Eleito o Bureau Político do Comité Central do PAIGC. - 1 de Março: Participa, em Itália, num seminário organizado pelo Centro Frantz Fanon, de Milão. - Publica uma breve análise da estrutura social da Guiné-Bissau. - 25 de Setembro: Proclamação, pela FRELIMO, da insurreição armada geral em Moçambique. - Novembro: Constituição das primeiras unidades do Exército Popular, Organização da Milícia Popular e abertura da Frente Leste. - Dezembro: Edição do primeiro livro escolar pelo PAIGC.
1965 - Inauguração, em Conakry, da Escola Piloto, internato para os filhos dos combatentes e crianças nas zonas libertadas. - Criação em Kiev, na URSS, de uma escola para a formação de enfermeiros do PAIGC. - Primeiro encontro de Amílcar Cabral com o Comandante Ernesto Che Guevara. - Agosto: Visita da primeira missão da ONU às regiões libertadas da Guiné-Bissau. - 3 a 6 de Outubro: 2ª Conferência da CONCP, em Dar-Es-Salam. - Novembro: Publicação das Palavras de Ordem dirigidas aos combatentes. - Dezembro: Criação das Forças Armadas Revolucionárias do Povo (FARP).
1966 - 3 de Janeiro: 1ª Conferência da Tricontinental em Havana. Amilcar Cabral tem diversos encontros com Fidel Castro, em Escambray Havana. - Início da ajuda cubana, que fornece assessoria militar e médica ao PAIGC. - O PAIGC ocupa e controla metade do território da Guiné-Bissau. - Maio: Amilcar Cabral casa com Ana Maria Voss de Sá. - Realiza uma visita à República da Argélia. - 19 de Dezembro: Promulgação da Lei da Justiça Militar. - Dezembro: Reorganização das Forças Armadas Revolucionárias Populares (FARP).
ARRANQUE DA "RÁDIO LIBERTAÇÃO"
1967 - 16 de Julho: Início das emissões da "Rádio Libertação", a partir de Conakry. - Outubro: Primeiro entrega de armas à população da região de Quitafine, na Frente Sul.
1968 - 19 de Fevereiro: Ataque ao Aeroporto de Bissalanca (a 10 km de Bissau) por um comando do exército popular. - Intervenção de Cabral perante a Comissão dos Direitos Humanos da ONU sobre os crimes do colonialismo português. - Nomeação do General António Spínola como Governador da Guiné-Bissau.
1969 - Janeiro: Participa na Conferência da Solidariedade com os Povos das Colónias Portuguesas, no Sudão. - 5 de Fevereiro: Tomada da fortificação de Madina do Boé e libertação dessa região. - Abril: Nova Intervenção de Cabral durante a Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas. - 19 a 24 de Outubro: Seminário de Quadros em Conakry. - 6 de Dezembro: Nasce a terceira filha N'Dira Abel. - 22 de Dezembro: Revolução 275 do Conselho de Segurança da ONU sobre as operações militares portuguesas contra a Guiné. - Dezembro: Lançamento, em Londres, da 1ª Edição de textos e discursos de Cabral - O PAIGC ocupa e controla dois terços do território da Guiné-Bissau.
1970 - A editora Max Perot publica, em Paris, a obra "O Poder das Armas", de Amilcar Cabral. - 20 de Fevereiro: Conferência sobre "Libertação Nacional e Cultura", no primeiro " In Memoriam" de Eduardo Mondlane, organizada pela Universidade de Siracusa, Estados Unidos. - 25 a 26 de Fevereiro: Apresentação do "Relatório da Guiné Portuguesa e do Movimento de Libertação" perante o Sub - Comité de África do Comité dos Negócios Estrangeiros dos Estados Unidos. - Fevereiro: Conferência na Sede nas Nações Unidas em Nova Iorque e em Washington, perante a Comissão de Relações Exteriores do Congresso norte-americano. - Abril: Cabral assiste as celebrações do Centenário do Nascimento de Lenine em Moscovo. - Junho: Participa na Conferência de Chefes de Estados e de Governo de África, em Adis Abeba. Cabral fala em nome do conjunto dos movimentos de libertação africanos. - Junho: Cabral participa, em Roma, na Conferência de Solidariedade com os Povos das Colónias Portuguesas. - 1 de Julho: O Papa Paulo VI recebe em audiência Amilcar Cabral (PAIGC), Agostinho Neto (MPLA) e Marcelino dos Santos (FRELIMO). - 22 de Novembro: Agressão Portuguesa contra a Guiné Conakry ("Operação Mar Verde"), em que são atacadas, designadamente, as instalações do PAIGC, que rechaça os invasores. Essa invasão de território estrangeiro provoca generalizado repúdio internacional, sendo formalmente condenada pela OUA e pela ONU.
1971 - O General Spínola pede a Lisboa à revisão do conselho estratégico conhecido como a "Missão Pacificadora Portuguesa" na Guiné-Bissau de modo a poder avançar na aplicação do seu conceito de uma "Guiné Melhor". - Abril: Cabral denúncia, em Estocolmo, em conferência de imprensa, a situação de fome existente em Cabo Verde. - Agosto: Visita Helsínquia, Londres e Dublin, onde é recebido por altos dirigentes políticos. - Reunião do Conselho Superior de luta que adopta a decisão de realizar eleições gerais para a Assembleia Nacional Popular e proclamar proximamente o novo Estado independente da Guiné-Bissau. - 24 de Novembro: Resolução 302 do Conselho de segurança da ONU sobre as operações Militares Portuguesas contra Senegal. - 6 de Dezembro: Resolução do comité de Descolonização da ONU, apoiando a independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. - Amilcar Cabral intervém perante a VIII Conferência dos Chefes do Estado e de Governo africanos em Adis Abeba.
1972 - Fevereiro: Perante o Conselho de Segurança da ONU, reunido na sua 163ª sessão, em Adis Abeba, Cabral convida a Assembleia Geral das Nações Unidas a enviar uma delegação nas zonas libertadas. - 4 de Fevereiro: Resolução 312 do Conselho de Segurança sobre a situação dos territórios sob a administração portuguesa. - 2 a 8 de Abril: Visita de um grupo de Diplomatas do Comité de Descolonização da ONU aos territórios libertados. - Junho: Amilcar Cabral toma a palavra em nome do conjunto dos movimentos de libertação nacional africanos no decurso da Reunião Cimeira da OUA, em Rabat. - 3 a 7 de Julho: Cabral envia à reunião de peritos organizada pela UNESCO, em Paris, sob o tema "Raça, Identidade e Dignidade", o texto intitulado "O Papel da Cultura na Luta pela Independência". - Setembro: Encabeçando uma delegação do PAIGC, Cabral visita a China, a Coreia do Norte e o Japão. - 3 de Outubro: Discurso perante o XXV Congresso do Partido Social Democrata da Suécia. - 15 de Outubro: Recebe o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade Lincoln, EUA. - Outubro: Cabral discursa, como observador, perante a IV Comissão da Assembleia Geral das Nações Unidas, na qualidade de representante de um povo em luta. - Resolução do Conselho de Segurança que consagra o reconhecimento do PAIGC como legítimo representante do povo guineense. - Agosto a Outubro: Eleições nas regiões libertadas dos Conselhos Regionais, que constituirão a Assembleia Nacional Popular. - 22 de Novembro: Em alocução radiofónica, o general Spínola reconhece que as zonas que o seu exército controla já não seguras. - Dezembro: Resolução 322 do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação dos territórios sob administração portuguesa. - Cabral assiste aos festeja do 50º aniversário da fundação da URSS. - 24 de Dezembro: A Academia das Ciências da URSS confere-lhe o título de Doutor Honoris Causa em Ciências Políticas e Sociais.
1973 - 20 de Janeiro - Amilcar Cabral é assassinado em Conakry.



Saturday, February 03, 2007

A RENÚNCIA IMPOSSÍVEL - Agostinho Neto

A RENÚNCIA IMPOSSÍVEL

Negação

Não creio em mim
Não existo
Não quero eu não quero ser

Quero destruir-me
atirar-me de pontes elevadas
e deixar-me despedaçar
sobre as pedras duras das calçadas

Pulverizar o meu ser
desaparecer
não deixar sequer traço de passagem
pelo mundo

quero que o não-eu
se aposse de mim

Mais do que um simples suicídio
Quero que esta minha morte
seja uma verdadeira novidade histórica
um desaparecimento total
até mesmo nos cérebros
daqueles que me odeiam
até mesmo no tempo
e se processe a História
e o mundo continue
como se eu nunca tivesse existido
como se nenhuma obra tivesse produzido
como se nada tivesse influenciado na vida
se em vez de valor negativo
eu fosse zero

Quero ascender
elevar-me até atingir o Zero
e desaparecer

Deixai-me desaparecer!

Mas antes vou gritar
Com toda a força dos meus pulmões
Para que o mundo oiça:

- Fui eu quem renunciou a Vida!
Podeis continuar a ocupar o meu lugar
Vós os que mo roubastes

Aí tendes o mundo todo para vós
para mim nada quero
nem riqueza nem pobreza
nem alegria nem tristeza
nem vida nem morte
nada

Não sou Nunca fui
Renuncio-me
Atingi o Zero

E agora
vivei cantai chorai
casai-vos matai-vos embriagai-vos
dai esmolas aos pobres
Nada me pode interessar
que eu não sou
Atingi o Zero

Não contem comigo
para vos servir as refeições
nem para cavar os diamantes
que vossas mulheres irão ostentar em salões
nem para cuidar das vossas plantações
de algodão e café
não contem com amas
para amamentar os vossos filhos sifilíticos
não contem com operários
de segunda categoria
para fazer o trabalho de que vos orgulhais
nem com soldados inconscientes
para gritar com o estômago vazio
vivas ao vosso trabalho de civilização
nem com lacaios
para vos tirarem os sapatos
de madrugada
quando regressardes de orgias noturnas
nem com pretos medrosos
para vos oferecer vacas
e vender milho a tostão
nem com corpos de mulheres
para vos alimentar de prazeres
nos ócios da vossa abundância imoral

Não contem comigo
Renuncio-me
Eu atngi o Zero

E agora podeis queimar
os letreiros medrosos
que às portas de bares hotéis e recintos públicos
gritam o vosso egoismo
nas frases “SÓ PARA BRANCOS” ou COLOURED MEN ONLY”
Negros aqui brancos acolá

E agora podeis acabar
com os miseráveis bairros de negros
que vos atrapalham a vaidade
Vivei satisfeitos sem colour lines
sem terdes que dizer aos frequeses negros
que os hotéis estão abarrotados
que não há mais mesas nos restaurantes
Banhai-vos descansados
nas vossas praias e piscinas
que nunca houve negros no mundo
que sujassem as águas
ou os vossos nojentos preconceitos
com a sua escura presença

Dissolvei o Ku-Klux-Klan
que já não há negros para linchar!

Porque hesitais agora!
ao menos tendes oportunidade
para proclamardes democracias
com sinceridade

Podeis inventar uma nova história
inclusivamente podeis inventar uma nova mística
direis por exemplo: No princípio nós criamos o mundo
Tudo foi feito por NÓS
E isso nada me interessa

Ah!
que satisfação eu sinto
por ver-vos alegres no vosso orgulho
e loucos na vossa mania de superioridade

Nunca houve negros!
A África foi construida só por vós
A América foi colonizada só por vós
A Europa não conhece civilizações africanas
Nunca houve beijos de negros sobre faces brancas
nem um negro foi linchado
nunca matastes pretos a golpes de cavalomarinho
para lhes possuirdes as mulheres
nunca estorquistes propriedades a pretos
não tendes nunca tivestes filhos com sangue negro
ó racistas de desbragada lubricidade

Fartai-vos agora dentro da moral!

Que satisfação eu sinto
por não terdes que falsear os padrões morais
para salvaguardar
o prestígio a superioridade e o estômago
dos vossos filhos

Ah!
O meu suicídio é uma novidade histórica
é um sádico prazer
de ver-vos bem instalados no vosso mundo
sem necessidade de jogos falsos

Eu elevado até o Zero
eu transformado no Nada-histórico
eu no início dos tempos
eu-Nada a confundir-me com vós-Tudo
sou o verdadeiro Cristo da Humanidade!

Não há nas ruas de Luanda
negros descalços e sujos
a pôr nódoas nas vossas falsidades de colonização

Em Lourenço Marques
em New York em Leopoldville
em Cape Town
gritam pelas ruas
fogueteando alegrias nos ares

- Não há negros nas ruas!
Nunca houve
Não há negros preguiçosos
a deixar os campos por cultivar
e renitentes à escravização
já não há negros para roubar
Toda a riqueza representa agora o suor do rosto
e o suor do rosto é a poesia da vida
Viva a poesia da vida!
Viva!

Não existe música negra
Nunca houve batuques nas florestas do Congo
Quem falou em spirituals?
Os salões enchem-se de Debussy Strauss Korsakoff
que não há selvagens na terra
Viva a civilização dos homens superiores
sem manchas negróides a perturbar-lhe a estética!
Viva!

Nunca houve descobrimentos
a África foi criada com o mundo

O que é a colonização?
O que são os massacres de negros?
O que são os esbulhos de propriedade?
Coisas que ninguém conhece

A história está errada
Nunca houve escravatura
Nunca houve domínio de minorias
orgulhosas da sua força

Acabei com as cruzadas religiosas
A fé está espalhada por todo o mundo
sobre a terra só há cristãos
VÓS sois todos cristãos

Não há infiéis por converter
Escusais de imaginar mais infidelidades religiosas
para justificar
repugnantes actos de barbarismo

Não necessitais enviar mais missionários
a África
nem nos bairros de negros
Nunca houve mahamba
nem concepções religiosas diferentes
nunca houve religiosos a auxiliar a ocupação militar

Acabai com os missionários
os seus sofismas
os seus milagres
inventados para justificar ambições e vaidades

Possuis tudo TUDO
e sois todos irmãos

Continuai com os vossos sistemas políticos
ditaduras democráticas
isso é convosco
Explorai o proletariado
matai-vos uns aos outros
lutai pela glória
lutai pelo poder
criai minorias fortes
apadrinhai os afilhados dos vossos amigos
criai mais castas
aburguesai as ideias
e tudo sem a complicação
de verdes intrusos
imiscuir-se na vossa querida
e defendida civilização de homens
privilegiados

E agora
homens irmãos
daí-vos as mãos
gritai a vossa alegria de serdes sós
SÓS!
únicos habitantes da terra

Eu artingi o Zero

Isto significa extraordinariamente a vossa ética
Ao menos
não percais a ocasião para serdes honestos

Se houver terramotos
calamidades cheias ou epidemias
ou terras a defender da evasão das águas
ou motores parados em lamas africanas
raios vos partam!
já não tereis de chamar-me
para acudir as vossas desgraças
para reparar os vossos desastres
ou para carregar com a culpa das vossas incúrias
Ide para o diabo!

Eu não existo
Palavra de honra que nunca existi
Atingi o Zero
o Nada

Abençoada a hora
do meu super-suicídio
para vós
homens que construís sistemas morais
para enquadrar imoralidades

O sol brilha só para vós
a lua reflecte luz só para vós
nunca houve esclavagistas
nem massacres
nem ocupações da África

Como até a história
se transforma num tratado de moral
sem necessidade de arranjos apressados!

Os pretos dos cais não existem
Nunca foram ouvidos cantos dolentes
misturados com a chiadeira do guindaste
Nunca pisaram os caminhos do mato
carregadores com sem quilos às costas
são os motores que se queimam sob as cargas

Ó pretos submissos humildes ou tímidos
sem lugar nas cidades
ou nos escaninhos da honestidade
ou nos recantos da força
dançarinos com a alma poisada no sinal menos
polígamos declarados
dançarinos de batuques sensuais
Sabeis que subistes todos de valor
atingistes o Zero sois Nada
e salvastes o homem

Acabou-se o ódio
e o trabalho de civilização
e a náusea de ver meninos negros
sentados na escola
ao lado de meninos de olhos azuis
e as extorções e compulsões
e as palmatoadas e torturas
para obrigar inocentes a confessar crimes
e medos de revolta
e as complicadas demarches políticas
para iludir as almas simples

Acabaram-se as complicações sociais!

Atingi o Zero
Cheguei à hora do início do mundo
e resolvi não existir

Cheguei ao Zero-Espaço
ao Nada-Tempo
ao eu coincidente com vós-Tudo

E o que é mais importante:
Salvei o mundo!

Agostinho Neto (1949)

Thursday, February 01, 2007

A Luta Continua

After more than two decades, I finally came accross again to the Miriam Makeba's A Luta Continua, perhaps one of the most powerful and touching songs from Southern Africa. Hearing and watching Makeba performing this song which was/is a cry of war - against colonialism, poverty, opportunism, corruption - took back to the past, when utopias and political dreams had a sense. No more actions, the time is for dreams.

A Luta Continua!